sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sob a Marca do Dragão - Cap. 4 (parte 1 de 2)


Diana havia dormido mal, não conseguia esquecer os acontecimentos dos últimos dias. Dissera em casa que não se sentia muito bem e que precisava apanhar um pouco de ar fresco e em vez de sair para a venda, como era habitual, foi dar uma volta até aos limites da citadela. Deu por si no mesmo local onde tinha encontrado Rafael pela segunda vez. Não havia ninguém por perto. Sentou-se um pouco a pensar em tudo o que acontecera. Recordou o sonho com a sua mãe. Parecera-lhe tão real! Do que fugiria? O que teria acontecido? Teria o incêndio algo a ver com a ameaça que parecia pender sobre a sua família naqueles tempos? Pensava que seria bom poder voltar a sonhar com a sua mãe, mas não voltara a acontecer. Pensava como seria bom ter com quem falar sobre a magia, alguém que pudesse explicar-lhe o que estava a acontecer consigo. Mas além do seu pai não gostar do assunto, naqueles dias era difícil saber quem o evitava por medo de quem pudesse ouvir ou quem o evitava por professar a nova fé.

- Diana? – soou numa voz feminina, interrompendo os seus pensamentos.
Ela virou-se e viu Núria, uma amiga de longa data de seus pais de criação, que passava com a sua filha mais nova.
- Olá!
- O que fazes aqui sozinha? Estás bem?
- Sim. Vim dar um passeio e estava de volta dos meus pensamentos. – disse.
- E em que pensas, rapariga? Em algum rapaz de que gostes? – perguntou sorrindo.
- Não. Em que pensais! Apenas coisas…
- Não penses demasiado, Diana! Dália ainda forma família antes de ti!
Diana não estava a gostar da conversa, mas não queria ser indelicada. Núria era uma boa mulher.

- ...E em que tanto pensavas?
- Em coisas da vida... Na minha família de origem...

Núria olhava-a demoradamente como que ponderando o que dizer. Até que acabou por responder
- Noutros tempos uma visita à Senhora do Bosque poderia ajudar a aclarar as ideias!...

Diana pensou que continuar a conversa por ali seria pisar em terreno perigoso, mas confiava naquela amiga da família. Olhou em volta, certificando-se que não havia ninguém por perto para depois responder.
- Noutros tempos seria seguro visitá-la?
- Sim. Muitas histórias se contam sobre a Senhora do Bosque, mas Selénia é uma mulher sábia!
Diana esperava ouvir mais, mas Núria falava com discrição.

- Teu pai não gostaria de saber que te digo estas coisas!...
- Nada lhe direi. Podeis confiar!
Núria sorriu.

- Conhecei-la? - perguntou Diana.
- Já me ajudou algumas vezes com as crianças em momentos de aflição! E tem sempre sábias palavras para partilhar quando delas mais precisamos...

Diana nunca pensara algum dia recorrer à ajuda da Senhora do Bosque. Contava-se que a Senhora do Bosque se tinha tornado mortal por ter sido expulsa do reino superior pelos outros feiticeiros, o que dava azo às mais diversas histórias. Dizia-se que o que acontecera a tornara ainda mais perigosa no reino dos homens. Núria afiançava, no entanto, que ela era boa pessoa, acabando até por dizer onde esta poderia ser encontrada. A Deusa parecia estar a indicar-lhe um caminho em resposta às suas perguntas. Ainda assim Diana pensava que seria melhor encontrar uma solução mais segura. Decidira avaliar o que poderia perguntar subtilmente a seu pai.

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