domingo, 13 de janeiro de 2013

Sob a Marca do Dragão - Cap. 5 (parte 1 de 2)


Diana queria saber mais. Tinha de saber. Havia dias que não via Rafael, por mais que o procurasse. A conversa com o seu pai não dera os frutos que esperava, de facto, tinha servido apenas para levantar mais questões. Voltou a lembrar-se da Senhora do Bosque. Sentia-se cada vez mais tentada a ignorar as histórias que sobre ela se contavam para saber um pouco mais. Se ela fosse uma feiticeira, renegada ou não, seria capaz de ajudá-la.

Decidiu não esperar mais. Encontraria a Senhora do Bosque e seguiria o seu intento. Deixou a vila, afastou-se das muralhas e da sua citadela. Embrenhou-se na floresta pelo seu pé. Pensou se não estaria a cometer um erro, mas nada a faria voltar agora. Logo saberia se receberia ajuda ou não. Seguiu em direcção a Norte até chegar ao grande carvalho de que lhe tinham falado. Dali seguiu sempre em frente em direcção ao sol poente. Não tardou a encontrar uma clareira ladeada de árvores. Olhou em volta. Sabia que a cabana que procurava não seria longe dali, pois o círculo na floresta era considerado o Bosque Sagrado. Decidiu parar um pouco antes de continuar. Olhou a clareira. Pediu respeitosamente ao Espírito do Lugar autorização para entrar. Avançou então até ao meio do círculo e sentou-se no chão. Sentiu que as energias daquele local sagrado lhe poderiam ser úteis de alguma forma. Sentia que precisava delas. Não sabia bem o que fazia, seguia apenas o que estava a sentir. Pousou as mãos no solo, fechou os olhos, inspirou profundamente e pediu à mãe Natureza que a ajudasse na sua senda ali. Por momentos pareceu-lhe sentir a pulsação da terra. Abriu os olhos e olhou em volta. Ninguém. Voltou a sua atenção uma vez mais para a terra e fechou os olhos. Voltou a sentir aquele pulsar, sentiu uma energia fresca subir-lhe pelos braços, percorrê-la. Sentiu a terra, as árvores em volta, os pássaros, o vento, o sol. Sentiu-se parte de tudo aquilo e cada elemento parte de si. Sentiu-se leve, revigorada.

Abriu os olhos e viu uma figura feminina esgueirar-se por entre as árvores. Devia ser ela, pensou. Decidiu segui-la, mas por mais que a procurasse, não voltou a vê-la. No entanto, ao seguir naquela direcção, não tardou a encontrar uma cabana. Chegara. Só lhe restava entrar. Sentia as suas energias e motivação renovadas. Antes de bater à porta, ela abriu-se. Uma mulher olhou-a nos olhos e convidou-a a entrar. Não conseguia imaginar a idade da mulher, talvez devido às histórias que tinha ouvido. Mas apesar de os anos parecerem ter passado por ela, achou-a muito bela. Sentiu o seu olhar sereno. Era dali que vinha a sua beleza. Diana entrou e agora que ali estava, não sabia por onde começar. Como se o percebesse, a mulher iniciou a conversa.

- Esperava por ti. – disse.
- Por mim?! Sabeis quem sou? – perguntou Diana sem saber o que pensar.
- Sei que me procuras.
- Como?!
- Ninguém chega ao Círculo Sagrado sem que eu o perceba. E se o faz é porque me procura.
- Por instantes pensei que soubésseis mais... – respondeu Diana.
- Mais?... O que esperas que eu saiba?
- Espero que me possais ajudar a saber mais sobre mim... – disse acariciando o seu pulso, quase sem dar por isso.
- Referes-te à magia que te corre no sangue?
Diana sentiu-se novamente surpreendida pela pergunta da estranha mulher que, se nada sabia sobre si, parecia lê-la muito bem.

- Posso senti-la! – Disse, sorrindo,  como que respondendo à sua dúvida. – Vem, senta-te.

Diana avançou até ao banco indicado pela mulher. À sua direita via ervas penduradas por cima de uma janela frente a uma bancada que deveria servir para preparar o que pensou serem remédios. Em cima desta, via pousados diversos frascos com ervas e preparados. À medida que avançava, um cheiro adocicado a ervas se ia tornando mais forte. Apercebeu-se que vinha de uma mistura que fervia no lume ao seu lado, agora que se sentava. Olhou a mulher à sua frente que sorria perante a sua curiosidade e constrangimento.

- O meu nome é Selénia e quem vem até aqui, procura geralmente uma cura para algum mal seu ou de alguém próximo.
O seu sorriso e o seu olhar profundo tranquilizaram-na.

- Chamo-me Diana e não sofro de um mal físico, mas de um vazio que me angustia. Preciso saber mais sobre as minhas origens!... A cura que procuro é o conhecimento!
- Esse não posso oferecer-to com as minhas ervas e preparados. Terás de o encontrar em ti.
- Mas podeis ajudar-me a pedir ajuda aos meus antepassados?
- Posso chamar a ti a Visão, o que ela trará não sei.
- Assim seja.

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